Ser responsável socialmente
significa respeitar as pessoas em sua diversidade, aceitando-as como
semelhantes. Além da aceitação, é importante doar-se para elas, no sentido de
colaborar, atender, ser solidário e humano, equilibrando interesses individuais
e coletivos.
Boff (2003) apresenta-nos uma idéia
muito simples e ao mesmo tempo fundamental à sobrevivência humana e à
convivência responsável entre as pessoas. Para ele, tudo que existe e vive
precisa de cuidado para continuar a existir e a viver. Esses cuidados dizem
respeito a nós mesmo, à nossa vida pessoal e profissional, mas também ao outro
e ao meio ambiente. Se pensarmos que todas as nossas ações produzem uma
conseqüência no ambiente, fica fácil entender que somos responsáveis por elas.
O impacto de nosso comportamento
pode ser de grandes proporções, e um exemplo disso é a escolha entre reciclar o
lixo ou jogá-lo para que se decomponha na natureza. A grande maioria das
pessoas já tem consciência do quão importante é reciclar o lixo e o faz. Outras
pessoas têm conhecimento sobre o assunto, mas não fazem. Quais as explicações
para isso?
É importante para que cada vez mais
pessoas se comprometam com a sobrevivência da espécie humana nesta e em outras
gerações, e não apenas com a realidade local e suas necessidades imediatas.
Isso pode ser fundamentado no
conceito de desenvolvimento sustentável, conforme descrito por Almeida (2008,
p. 127), que diz: “O desenvolvimento deve atender às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de darem respostas às
próprias necessidades”.
Trata-se, portanto, de desenvolver
uma visão holística de mundo, ou seja, uma visão mais abrangente e que
relacione o homem, o aspecto social, a natureza e o planeta, afinal, como
afirma Jacobi (2003), são os sistemas sociais e ambientais que sustentam as
comunidades.
Deveremos pensar que todas as
nossas ações produzem uma conseqüência no ambiente, fica entender que somos
responsáveis por elas.
Os estudos sobre as pessoas no
ambiente de trabalho ocupam-se cada vez mais em buscar formas de construir um
ambiente com profissionais competentes motivados e equilibrados
espiritualmente.
As definições e conceitos de
responsabilidade social são complexos, dinâmicos e variados. Segundo Borger
(2001), eles podem estar associados à idéia de responsabilidade legal; ou podem
significar um comportamento socialmente responsável no sentido ético; ou inda
podem transmitir a idéia de contribuição social voluntária e associação a uma
causa específica.
Srour (1998, p.
294) diz que:
A responsabilidade social deve ser entendida como orientação para os
outros, fruto dos interesses em jogo. Reflete tanto um sentido de realidade
quanto um olhar para o futuro... A responsabilidade social remete, em síntese,
à constituição de uma cidadania
organizacional no âmbito interno da empresa e à implementação de direitos
sociais no âmbito externo.
Para Graiew (2000) não existe
nenhum conceito novo quando se fala em responsabilidade social, mas existe sim,
um novo olhar, uma nova maneira de compreender questões que envolvem as
relações humanas e empresariais.
Carroll, apud Borger (2001, p.15), coloca que, na literatura, o conceito de
responsabilidade social é o mesmo no passado e no presente; o que mudou são as
questões enfrentadas pelas empresas e as praticas de responsabilidade social,
principalmente porque a sociedade mudou e as empresas mudaram, e,
consequentemente, também, as relações entre a sociedade e as empresas.
Podemos chamar as empresas de
“organismos vivos” que ao longo do tempo acabam incorporando mudanças e
procedimentos para se adaptarem às novas realidades e garantirem a
sobrevivência. De alguns anos para cá, tem-se notado, em ritmo promissor, uma
crescente consciência de que a empresa pode e deve assumir dentro da sociedade
um papel mais amplo, transcendente ao de sua vocação básica de geradora de
riquezas.
A essa crescente demanda da
sociedade oferecem-se várias respostas e vários entendimentos, pois este novo
papel pode estar associado não só a motivos de obrigação social, mas também, a
sugestões de natureza estratégica ou ainda, a uma postura verdadeira ética e
cidadã da empresa. O exercício da cidadania empresarial pressupõe uma atuação
eficaz da empresa com todos aqueles que são afetados por sua atividade, sejam
diretos, sejam indiretos, possuindo um alto grau de comprometimento com seus
colaboradores internos e externos.
Silmara Gussi